top of page

MASP revela lado queer de Francis Bacon

  • MA Cult
  • 2 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Francis Bacon criava pinturas pulsantes e ambíguas onde a carnalidade podia representar violência ou excitação

Por Beta Germano


Francis Bacon, Two Figures, 1953 © The Estate of Francis Bacon



“Nós, obviamente, somos carne, somos carcaças em potencial. Quando vou a um açougue, sempre penso que é surpreendente que eu não esteja lá no lugar do animal”,

a declaração de Francis Bacon, um dos maiores pintores do século 20, foi inspiração para o título da mostra Francis Bacon: a beleza da carne. Mas apalavra “carne” aqui é mais uma pista do que uma referência aos pedaços de animais congelados: a obra de Bacon é carnal no melhor sentido da palavra. É visceral, corpórea e pulsante.


Seus anos de formação coincidem com alguns dos eventos mais perturbadores da história da humanidade – Segunda Guerra Mundial, Holocausto e bomba de Hiroshima – e a violência parece ser um denominador comum de sua biografia: ele apanhava do pai; acompanhava o sacrifício de animais na fazenda; e ajudou a defesa civil durante os bombardeios de Londres. Não parece à toa, portanto, que sua obra seja frequentemente relacionada às ideias de dor, crueldade e desumanização – são constantes os seres desfigurados, bestas ferozes e personagens berrando.


Man at a Washbasin, de 1954 © The Estate of Francis Bacon


Mas a mostra que reúne 23 pinturas de Bacon, curada por Adriano Pedrosa, Laura Cosendey e Isabela Ferreira Loures propõe um novo recorte para sua obra: são pinturas de um homem que vivenciou horrores, mas também muitos amores.


Inserida no programa “Histórias da Diversidade LGBTQIA+”, a exposição revela alguns aspectos da presença queer em suas telas, colocando o artista como um dos pioneiros de uma cultura visual que marcaria produção artística das últimas décadas do século 20.

O que torna a curadoria ainda mais complexa e, ao mesmo tempo, sutil é o fato de Bacon não ter sido exatamente um grande militante da causa: “Ele se esquivava de falar sobre a vida pessoal, mas suas experiências sexuais percorreram a obra plástica”, explica Cosendey. Apesar dos seus encontros não serem segredos, não espere ver obras panfletárias, mas uma série de pinturas elaboradas onde questões existenciais podem aparecer em nuances que nem todo olho vê.


Saiba mais aqui.


Comentarios


bottom of page